Seja no mundo corporativo, seja nas séries do NetFlix ou no mundo acadêmico, um dos assuntos mais predominantes é a Revolução Industrial 4.0 Esta revolução tem vários olhares e impactos, traduzida por alguns futuristas pela integração dos robôs aos sistemas ciberfísicos, gerando uma transformação radical e marcada pela convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas.
Eles antecipam que a revolução mudará o mundo como o conhecemos. E que já está acontecendo, dizem, em larga escala e a toda velocidade.
“Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes”, diz Klaus Schwab, autor do livro A Quarta Revolução Industrial, publicado este ano.
A industrialização mudará de uma maneira radical e, com ela, o universo do emprego. Os “novos poderes” da transformação virão da engenharia genética e das neurotecnologias, duas áreas que parecem misteriosas e distantes para o cidadão comum.
No entanto, as repercussões impactarão em como somos e como nos relacionamos até nos lugares mais distantes do planeta: a revolução afetará o mercado de trabalho, o futuro do trabalho e a desigualdade de renda. Suas consequências impactarão a segurança geopolítica e o que é considerado ético.
O importante, destacam os teóricos da ideia, é que não se trata de um desdobramento, mas do encontro desses desdobramentos. Nesse sentido, representa uma mudança de paradigma e não mais uma etapa do desenvolvimento tecnológico.
“A quarta revolução industrial não é definida por um conjunto de tecnologias emergentes em si mesmas, mas a transição em direção a novos sistemas que foram construídos sobre a infraestrutura da revolução digital (anterior)”, diz Schwab, diretor executivo do Fórum Econômico Mundial e um dos principais entusiastas da “revolução”.
Há três razões pelas quais as transformações atuais não representam uma extensão da terceira revolução industrial, mas a chegada de uma diferente: a velocidade, o alcance e o impacto nos sistemas. A velocidade dos avanços atuais não tem precedentes na história e está interferindo quase todas as indústrias de todos os países.
Também chamada de 4.0, a revolução acontece após três processos históricos transformadores. A primeira marcou o ritmo da produção manual à mecanizada, entre 1760 e 1830. A segunda, por volta de 1850, trouxe a eletricidade e permitiu a manufatura em massa. E a terceira aconteceu em meados do século 20, com a chegada da eletrônica, da tecnologia da informação e das telecomunicações.
Esta quarta revolução traz consigo uma tendência à automatização total das fábricas – seu nome vem, na verdade, de um projeto de estratégia de alta tecnologia do governo da Alemanha, trabalhado desde 2013 para levar sua produção a uma total independência da obra humana.
A automatização acontece através de sistemas ciberfísicos, que foram possíveis graças à internet das coisas e à computação na nuvem.
Os sistemas ciberfísicos, que combinam máquinas com processos digitais, são capazes de tomar decisões descentralizadas e de cooperar – entre eles e com humanos – mediante a internet das coisas.
O que vem por aí, dizem os teóricos, é uma “fábrica inteligente”. Verdadeiramente inteligente. O princípio básico é que as empresas poderão criar redes inteligentes que poderão controlar a si mesmas.
Os números econômicos são impactantes: segundo calculou a consultora Accenture em 2015, uma versão em escala industrial dessa revolução poderia agregar 14,2 bilhões de dólares à economia mundial nos próximos 15 anos.
Falar da Revolução 4.0 é falar de nanotecnologias, neurotecnologias, robôs, inteligência artificial, biotecnologia, sistemas de armazenamento de energia, drones e impressoras 3D.
Mas esses também serão os causadores da parte mais controversa da quarta revolução: ela pode acabar com cinco milhões de vagas de trabalho nos 15 países mais industrializados do mundo.
Obviamente, o processo de transformação só beneficiará quem for capaz de inovar e se adaptar. E aí está a principal questão para os seres humanos e as organizações.
Estão se esquecendo em toda esta discussão, do principal elemento que é o cerne desta revolução, o ser humano e sua capacidade de aprender, reaprender, se adaptar, se reinventar.
Precisamos nos fazer certas perguntas, como por exemplo:
- Qual é o modelo mental adequado a este novo mundo?
- O seu modelo mental atual é compatível com este novo mundo?
- Você se preocupa com esta questão?
- Possui disponibilidade para mudar o seu modelo mental?
- Qual é o modelo mental adequado a estas novas profissões?
- O seu modelo mental atual é compatível com esta reinvenção das profissões?
- E a sua profissão, qual será o modelo mental exigido?
E porque estamos trazendo aqui a questão do Mindset (mentalidade) e a importância de trabalhar o modelo mental das pessoas e das organizações, porque aqueles que ficarem refém do passado, resistentes a estas abruptas e revolucionárias inovações terão muita dificuldade em se adaptar a este novo mundo e até sobreviver neste mundo, que será uma grande Matrix. E o que são modelos mentais?
“Modelos mentais são pressupostos profundamente arraigados, generalizações, ilustrações, imagens ou histórias que influem na nossa maneira de compreender o mundo e nele agir”, assim Peter Senge, da MIT Sloan School of Management, define os modelos mentais.
Estes modelos traduzem como indivíduos percebem o mundo à sua volta, como o sentem, com base em suas próprias experiências, repertório e conhecimento.
A formação dos modelos mentais passa por quatro diferentes filtros, segund especialistas da Fundação Brasil Criativo:
O primeiro filtro está em nosso sistema nervoso. Possuímos limitações fisiológicas que impedem a percepção de certos fenômenos, o que influi em nossa capacidade de agir.
Em segundo, vem à linguagem. É por meio dela que a consciência do ser humano se estrutura – cada indivíduo somente passa informações segundo sua própria vivência.
A cultura é a terceira fonte, considerada por autores como parte de um modelo mental coletivo, representa experiências compartilhadas pelo indivíduo e grupos onde está inserido (famílias, empresas, religiões etc.).
O quarto filtro é a história pessoal – raça, sexo, origem, influências familiares e contexto, além de todas as experiências vividas pelo indivíduo.
E um agravante de todo este contexto, é que o contexto atual nos torna refém de um modelo mental quase único, um contexto que pode ser resumido pelas seguintes características:
- Produção em escala
- Hierarquia
- Processos rígidos
- Rotina
- Competição
- Tecnologia
- Reprodução de comportamentos
- Ambiente pouco estimulante.
E ninguém tem dúvida da importância da busca de um mindset digital, tanto para as pessoas quanto para as organizações e isto não vem de hoje, segundo Albert Einstein, “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”.
Já nos tempos atuais, uma excelente forma de enxergar esta importância é o que diz o músico Gabriel Pensador em uma de suas músicas, “Mude, que quando a gente muda o mundo muda com a gente, a gente muda o mundo na mudança da mente e quando a mente muda à gente anda pra frente”.
A grande questão que fica para o próximo artigo, é o que faço para ter um Mindset Digital? Qual o caminho da mudança?
E vale destacar, Mindset Digital não é só tecnologia e tão ou mais importante do que adquirir as tecnologias para a transformação digital é reconfigurar a mentalidade das pessoas.
O relatório de 2017 Global Human Capital Trends, da consultoria Deloitte, confirma que a organização do futuro, digital, é a preocupação de 88% das empresas. Há consciência de que a tecnologia é adotada com menor velocidade do que deveria por conta da mentalidade dos indivíduos e, consequentemente, a produtividade do negócio não melhora como deveria. “Pessoas com agilidade – e capacidade de reação – e um ambiente colaborativo são os fatores críticos para a organização do futuro”, afirma Kelly Ribeiro, diretora de capital humano da Deloitte no Brasil.
Portanto, é hora de começar a reprogramar o pensamento, as escolhas e as atitudes, suas e das organizações.
Fábio Rocha
Especialista em Carreira, Consultor em Sustentabilidade, Professor, Coach e Diretor-Executivo da Damicos Consultoria em Liderança e Sustentabilidade.