No dia 01 de janeiro de 2017, em todo o Brasil várias cidades terão novos Prefeitos e se a expectativa da população sempre é grande, mesmo com todas as agruras e decepções com a atividade política, agora, não será diferente.
As populações destas cidades ainda pensam que estes novos entes políticos podem fazer milagres, que podem de fato transformar as suas vidas, das suas famílias, dos seus bairros e da sua cidade.
O contexto atual não é dos mais favoráveis, queda de arrecadação, Prefeituras endividadas, passivos sociais crescentes, crise nacional e na maioria dos casos Prefeitos pouco preparados para estes desafios.
Bom, mas, aqueles que propuseram se candidatar e com o “risco” de se eleger não terão tempo para desculpas, às populações destas cidades querem soluções e para isto os elegeram.
E se pudéssemos dar alguns conselhos para os Prefeitos que irão assumir no dia 01 de janeiro de 2017, quais seriam estes conselhos?
Primeiro é necessário que o Prefeito defina um projeto futuro da cidade, muito mais que um Plano de Governo ou de uma única gestão, mas, algo que vá além dos 4 anos de mandato e sim seja uma visão do que este gestor municipal, as empresas locais, a sociedade civil e os próximos gestores precisarão ter como linha-mestre das suas decisões e ações.
E mais importante do que esta definição, é que este projeto futuro de cidade precisa ser legitimado, precisa ser construído participativamente, as pessoas precisam ter um senso de pertencimento e corresponsabilidade com o projeto e o futuro da sua cidade.
Talvez alguns gestores estejam se perguntando ao ler este artigo, mas, com tanto coisa para resolver no curtíssimo prazo, como posso pensar em longo prazo? É exatamente aí que mora o perigo de não ter um planejamento de médio e/ou longo prazo, pois, você pode passar os 4 anos simplesmente “apagando incêndio” e não construir nada mais permanente, significativo e que deixe um legado para sua cidade ao final do seu mandato.
É fundamental também reformular a legislação municipal, para que a mesma iniba novos erros e incentive boas práticas. Será que a sua legislação estimula o fortalecimento dos negócios locais, prioriza os ativos da sua cidade, é coerente com as forças econômicas que geram maior impacto social?
Será que esta mesma legislação estimula a transformação do contexto da mobilidade urbana, criando mecanismos de planejamento urbano que aproxime a residência do trabalho, que estimule o transporte coletivo ou de bike?
E se parece difícil mudar grandes paradigmas, quebrar resistências e ir de encontro a práticas, idéias ou vícios de comportamento tão arraigados, comece do começo, ou seja, é fundamental ter ações modelos e projetos pilotos para criar efeito multiplicador em toda a cidade.
E para construir estes novos projetos, estas novas práticas de gestão, esta nova cidade, se faz necessários ter um suporte de uma rede especializada de conhecimento local, nacional e até internacional.
Lembrando que esta rede pode começar pelas Instituições de Ensino Locais – IES, pela Associação de Prefeituras que participa que ela pode ter o apoio de uma grande empresa que atue na região em que sua cidade se localiza que ela pode ser virtual, que existem plataformas de práticas de gestão de cidades com informações gratuitas e didáticas a sua disposição.
E que a principal rede são as pessoas e instituições chaves que já existem em seu município, inclusive a juventude, seja, ela a que ainda mora na sua cidade ou aquela que saiu e cresceu profissionalmente e que pode querer contribuir com sua terra natal.
Já pensou em criar um Conselho Consultivo da Cidade com representantes destes grupos ou instituições, sem muita burocracia, voluntario e que possa sugerir opinar e/ou buscar novas idéias, recursos, parceiros e projetos para sua cidade.
Vale destacar que todas as questões acima nos chamam atenção que a criação do que se chama hoje de cidades sustentáveis, inteligentes, resilientes é um processo muito mais subjetivo do que físico. Que as cidades são muito mais que construções ou infraestrutura física e sim uma acumulação de energia que se manifesta pelo tipo, quantidade e qualidade das transações que gera. Que as cidades são feita de pessoas, idéias e ações.
As cidades são antes de tudo o lugar onde são feitas todas as trocas, dos grandes e pequenos negócios à interação social.
São as pessoas, comunidades e redes que determinam que tipo de cidade querem viver.
Que você como Prefeito tem muitas responsabilidades, mas, talvez a maior delas é fazer com que os cidadãos se perguntem todos os dias, desde o primeiro dia da sua gestão e até eternamente, questões como:
- Faço algo pela minha cidade?
- Estimulo a minha organização a fazer algo?
- Contribuo (tempo) com alguma entidade sem fins lucrativos? Sou Voluntário?
- Participo apoio, ajudo algum movimento que tenha propósito cidadão/comunitário/e/ou coletivo?
- Mesmo quando não participo diretamente, encorajo, estimulo…?
Desta forma, aquele desejo, que parece impossível e solitário, de ter apenas uma boa cidade para se viver, pode se transformar em um sonho coletivo iniciado pela sua gestão, pela sua liderança. Além de ser uma estratégia, uma atitude sábia e inteligente.
Fábio Rocha
Especialista em Carreira, Consultor em Sustentabilidade, Professor, Coach e Diretor-Executivo da Damicos Consultoria em Liderança e Sustentabilidade.